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Cronos e Kairós

Cronos (em grego: Κρόνος, deus do tempo, Χρόνος1), é a divindade suprema da segunda geração de deuses da mitologia grega, os Titãs. Cronos é correspondente ao deus romano Saturno.

Filho de Urano, o Céu estrelado, e Gaia, a Terra, é o mais jovem dos Titãs.

A partir de então, o mundo foi governado pela linhagem dos Titãs que, segundo Hesíodo, constituía a segunda geração divina. Foi durante o reinado de Cronos que a humanidade (recém-nascida) viveu a sua “Idade de Ouro”.

Cronos casou com a sua irmã Reia, que lhe deu seis filhos (os Crónidas): três mulheres, Héstia, Deméter e Hera e três rapazes, Hades, Poseidon e Zeus.

Como tinha medo de ser destronado, Cronos engolia os filhos ao nascerem. Comeu todos exceto Zeus, Hades e Poseidon, que Reia conseguiu salvar enganando Cronos enrolando uma pedra em um pano, a qual ele engoliu sem perceber a troca.

Quando Zeus cresceu, resolveu vingar-se de seu pai, solicitando para esse feito o apoio de Métis – a Prudência – filha do Titã Oceano. Esta ofereceu a Cronos uma poção mágica, que o fez vomitar os filhos que tinha devorado.

Então Zeus tornou senhor do céu e divindade suprema da terceira geração de deuses da Mitologia Grega ao banir os Titãs para o Tártaro e afastou o pai do trono, e segundo as palavras de Homero prendeu-o com correntes no mundo subterrâneo, onde foi encontrado, após dez anos de luta encarniçada, pelos seus irmãos, os Titãs, que tinham pensado poder reconquistar o poder de Zeus e dos deuses do Olimpo.

Kairós (em grego καιρός) é uma palavra da língua grega antiga que significa “o momento oportuno”, “certo” ou “supremo”. Na mitologia, Kairós é filho de Cronos (Deus do tempo e das estações).

Os gregos antigos possuíam duas palavras para a moderna noção de “tempo”: Cronos e Kairós. Enquanto a primeira era usada no contexto de tempo cronológico, sequencial e linear, ao tempo existencial os gregos denominavam Kairós e acreditavam nele para enfrentar o cruel e tirano Cronos. Enquanto o primeiro é de natureza quantitativa, Kairós possui natureza qualitativa. Em grego antigo e moderno, kairós (em grego moderno pronuncia-se kerós) também significa “tempo climático”, como a palavra weather em inglês.

Na estrutura linguística, simbólica e temporal da civilização moderna, geralmente emprega-se uma só palavra para significar a noção de “tempo”. Os gregos antigos tinham duas palavras para o tempo: Cronos e Kairós. Enquanto o primeiro referia-se ao tempo cronológico ou sequencial (o tempo que se mede), este último é um momento indeterminado no tempo em que algo especial acontece: a experiência do momento oportuno. O termo é usado também em teologia para descrever a forma qualitativa do tempo, como o “tempo de Deus”, enquanto Cronos é de natureza quantitativa, o “tempo dos homens”.

Na filosofia grega e romana, Kairós é a experiência do momento oportuno. Os pitagóricos viam-lhe como “Oportunidade”.

Kairós é o tempo em potencial, tempo eterno e não-linear, enquanto que Cronos é a medida linear de um movimento ou período. Denotava o tempo quantitativo associado à medida do movimento, contado em minutos, horas, dias, meses, anos. Uma dimensão em que o presente é um instante sem duração que avança continuamente, devorando o futuro e deglutindo o passado. É o tempo que usamos na programação do dia-a-dia.

Tinha o significado mais sutil de “momento certo” ou “oportuno” e refere um tempo qualitativo, um momento de ação ou propício para agir, de maneira a alterar o destino.

Kairós não é contado em unidades de tempo, mas em feitos, e avança por eventos significativos. É o tempo das histórias que contamos. Kairós não é contínuo, mas se desdobra em janelas de oportunidade em que o destino é alterado por ação, por omissão ou por acidente.

Kairós era uma noção central, pois caracterizava “o momento fugaz em que uma oportunidade/abertura se apresenta e deve ser encarada com força e destreza para que o sucesso seja alcançado”.

Na Mitologia, Kairós era habitualmente considerado filho menor de Cronos e Reia, mas posteriormente, na genealogia dos deuses, parece estar associado a todos eles como manifestação de um momento específico. Kairós, além de filho de Cronos, pode ser (ou estar manifesto em) Zeus; Kairós pode ser Cronos (Tempo), mas também Aevum (Eternidade); Kairós é Atena (Inteligência) e também Eros (Amor); inclusive Dionísio pode ser Kairós.

Na teologia cristã, em síntese superficial, pode-se dizer que Cronos, é o “tempo humano”: medido em anos, dias, horas e suas divisões. Enquanto o termo Kairós descreve “o tempo de Deus”, que não pode ser medido, pois “para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos como um dia.”

No monoteísmo, Kairós e Aevum passam a ser atributos do Deus único, recolhendo ideias precedentes da filosofia clássica grega.

A Índia antiga tinha as mesmas duas noções de tempo. O equivalente em sânscrito de Cronos é Kala. O nome hindu para Kairós é Ritu.

Cronos e Kala se associam com a morte. Cronos era personificado pelos gregos como o deus Saturno ou Júpiter, que devorava seus filhos. Kala dá o nome à deusa Kali, que dançava sobre cadáveres com um cinto de caveiras e demandava sacrifícios humanos em seus rituais.

Já Kairós era pintado pelos gregos como um jovem alado, que voava ou andava sempre correndo, com uma navalha na mão e que tinha um topete na frente e a nuca careca. As asas significavam como os momentos Kairós eram tênues bem como agudos como a navalha, podendo ser aproveitados ou não, pender para um lado ou outro. O topete era para que aquele que o encontrasse o agarrasse de frente e a careca significava que aqueles por quem Kairós passou, por mais que queiram, não conseguirão pegá-lo por trás.

Viver em Cronos é viver na rotina dos hábitos definidos pelo relógio (a hora de acordar, de trabalhar, de comer, de dormir, de tomar banho) e pelo calendário (o dia do jogo, o dia da festa, do aniversário, as férias, o tempo de plantar e de colher). O redemoinho das engrenagens das rotinas sincronizadas nos suga para satisfazer a máquina de produção e consumo da sociedade moderna.

Lutamos para entrar no redemoinho e nele ficamos contentes por merecer um Kairós padronizado sem grandes riscos e surpresas: nascer, brincar, estudar, formar-se, arrumar emprego, casar, ter filhos, construir casa, comprar carro, formar filhos, aposentar-se, brincar de novo, adoecer e morrer. Saturno devorava seus filhos.

Vivemos em Cronos, mas somos Kairós. As realizações que nos orgulham e nos constituem, via de regra, fogem à rotina. Os infortúnios que nos afetam também.

Os momentos Kairós não precisam ser dramáticos, trágicos ou heroicos. Podem ser também pequenos momentos na vida de uma pessoa, vividos com plenitude ou em estado de fluxo. Aqueles momentos perfeitos que ficam para sempre na nossa lembrança.

Cronos e Kairós têm ritmos complementares. Se Cronos tarda a passar, Kairós se acelera. Os dias são longos, mas as crianças cresceram e se foram. As semanas de trabalho são intermináveis, mas chafurdamos na rotina para ganhar a vida e nem notamos como ela passou depressa, exceto pelas rugas e cabelos brancos – as marcas de Cronos.

Da mesma forma, quando Kairós tem um ritmo intenso Cronos parece se estender. Como aconteceram coisas neste último ano: compramos a casa, iniciamos a empresa, o filho foi morar longe, o pai morreu! Parece que foi uma década.

Fonte: www. Wikipedia.org