07
maio

Toque carrilhão – Coroação do Rei Charles III

Ontem, 06/05/2023 foi a coroação do Rei Charles III na Abadia de Westminster. Quando vi essa palavra me lembrei que a grande maioria dos relógios carrilhão tocam a cada 15 min o toque de Westminster e fiquei curioso para saber mais sobre essa palavra, Westminster.

Carrilhão não, vamos começar do começo.

O Império Britânico, da qual a Inglaterra faz parte, foi o grande expoente da relojoaria a partir de 1759 com o relojoeiro John Harrison que na verdade era carpinteiro e se tornou relojoeiro “estudando” sozinho.

Além disso ganhou o “Prêmio Longitude”, instituído pelo governo britânico com o objetivo de premiar quem elaborasse o melhor método para determinar a longitude em alto mar. Essa é uma história verdadeiramente interessante, mas para outra postagem.

O Império Britânico tinha como sede a cidade de Londres e nessa cidade há uma região chamada Westminster.

O significado de Westminster é Monastério do Oeste e não Ministério do Oeste como muitas pessoas deduzem.

Nessa região se encontra a Abadia de Westminster, dentre outros pontos turísticos como o  Palácio de Buckingham.

A abadia do carrilhão de hoje

O nome Abadia de Westminster, que na verdade chama-se Igreja Colegiada de São Pedro em Westminster, é uma grande igreja em arquitetura predominantemente gótica na cidade de WestminsterLondresInglaterra, a oeste do Palácio de Westminster.

É um dos edifícios religiosos mais notáveis do Reino Unido e o local tradicional de coroação e sepultamento dos monarcas ingleses e, posteriormente, britânicos.

O edifício em si era uma igreja monástica beneditina até a dissolução do mosteiro em 1539.

Entre 1540 e 1556, a abadia tinha o status de catedral. Desde 1560, o prédio não é mais uma abadia ou catedral, tendo o status de “Royal Peculiar” da Igreja Anglicana – uma igreja responsável diretamente pelo soberano.

A história dessa Igreja vem de 1042 com o Rei Eduardo, o Confessor. A igreja como é hoje teve sua contrução iniciada em 1245, por ordem do rei Henrique III que escolheu o local para seu enterro.

Finalmente, o toque do carrilhão

Quando falamos de relógios nos referimos às melodias como toques, quando o toque é nos quartos de hora e esses quartos são do toque Westminster, chamamos de Quartos de Westminster

Esses Quartos de Westminster são uma melodia de carrilhão de relógio usada por um conjunto de quatro sinos para tocar a cada quarto de hora. O número de conjuntos de sinais sonoros corresponde ao número de quartos de horas que passaram 15min = 1/4, 30min = 2/4, 45min = 3/4 e 60min=4/4.

Origem do toque

Lógico que é em Westminster, não é?

A Resposta é NÃO!!

Esses sinos com o toque do carrilhão que conhecemos hoje foi primeiramente instalado no Igreja de Santa Maria a Grande na Universidade de Cambridge em 1793.

Há dúvidas sobre quem exatamente a compôs: o Rev. Dr. Joseph Jowett, professor de Direito Civil, recebeu o cargo, mas provavelmente foi auxiliado pelo dr. John Randall (1715-99), que foi professor de música em 1755. ou seu brilhante aluno de graduação, William Crotch (1775-1847).

Em meados do século XIX o toque foi adotado pela torre do relógio no Palácio de Westminster (onde o Big Ben está situado), de onde se espalhou sua fama.

Ah, em tempo!! Big Ben não é o relógio e sim o sino principal do relógio.

É o som mais usado para os relógios mecânicos sonoros.

Como é o toque (transcrito)

Agora um pouco de música.

A melodia consiste em quatro diferentes permutações de quatro notas em tom de E maior mais um arranjo omitindo B3 e repetindo E4. Os tons são B3E4F4 e G4.

As notas usadas são:

  1. G♯4, F♯4, E4, B3
  2. E4, G♯4, F♯4, B3
  3. E4, F♯4, G♯4, E4
  4. G♯4, E4, F♯4, B3
  5. B3, F♯4, G♯4, E4

tocadas como três semínimas e uma mínima. Estas são sempre tocados na ordem 1, 2, 3, 4, 5 e cada conjunto é usado duas vezes a cada hora. A parte 1 é tocada no primeiro quarto, as partes 2 e 3 no segundo, as partes 4, 5 e 1 no terceiro, e as partes 2, 3, 4 e 5 na hora, como segue:

Quinze minutos:1
 \relative c'' {\time 5/4 \key e \major gis4 fis e b2|}
Meia-hora:2 3
 \relative c' {\time 5/4  \key e \major e4 gis fis b,2 | e4  fis gis e2|}
Quarenta e cinco minutos:4 5 1
 \relative c'' {\time 5/4  \key e \major gis4 e fis b,2 | b4 fis' gis e2 | gis4 fis e b2|}
Hora completa:2 3 4 5 + toque da hora (às três horas, como exemplo)
 \relative c' { \time 5/4 \key e \major e4^"2" gis fis b,2 | e4^"3" fis gis e2 | gis4^"4" e fis b,2 | b4^"5" fis' gis e2 | R1*5/4\fermata \bar "||" \clef bass \time 4/4 e,1^"Big Ben" | e1| e1  | }

A melodia de uma hora completa é seguida pelas batidas que indicam o número da hora pelo Big Ben (E3) (uma batida pra 1:00 e 13:00; duas batidas para 2:00 e 14:00, etc.).

Em outras palavras, o ciclo de cinco, 1, 2, 3, 4, 5 é tocado duas vezes no decorrer de uma hora. Para um mecanismo de sincronização de relógio, isso tem a vantagem de que o mecanismo que aciona os martelos só precisa armazenar cinco sequências (1, 2, 3, 4, 5) em vez de dez. O mecanismo então reproduz dois conjuntos completos de cinco sequências para cada hora completa. Em termos musicais, o primeiro e terceiro quarto terminam na dominante (B), enquanto o segundo e o quarto quarto (a metade e a hora completa) terminam na tônica (E). Isso produz o efeito musical muito satisfatório que tanto contribuiu para a popularidade dos sinos.

Espero que tenha gostado!!